Tuesday, November 8, 2022
Quando nos cortam a voz, a dor na alma vem de fora. De tudo aquilo que tentamos, inutilmente, mudar, sobra apenas um suspiro. Aquela sensação de alivio no peito quando respiramos fundo; que não chega há tempo demais. Porque já não há alivio para dor tamanha. Porque não há fim para aquilo que não teve inicio.
Tudo o que se perdeu a meio do caminho, foram migalhas que os pássaros comeram. Ficamos sem retorno, sem saída, sem norte. Não pode haver direção a seguir, quando não conhecemos o destino.
De repente, tudo é efémero, tudo é vago, tudo é escuro. O alivio das palavras de Mãe não chegará nunca mais, e essa consciência doi em cada célula do corpo, da alma. Dizer adeus ao vazio, é o mesmo que respirar debaixo de água; é algo que sufoca e amarra a liberdade. É algo que arrepia o interior do nosso ser sem sabermos como. Olharmos para dentro de nós sem encontrar saída, sugere o fim do caminho. Que insistimos em percorrer...porque do passado vem a memória do futuro que ainda não se deu, mas que tememos antes que chegue. Deitar a cabeça na almofada molhada, e gritar ao mundo que nos tire daqui, de onde doi tanto, de onde o ar sufoca; que nos leve a flutuar para bem longe, onde nunca ninguém nos conheceu, onde nunca fomos existência. Onde nunca tivemos massa. Onde nunca fizemos sombra.
Os lugares que devem ficar são apenas aqueles onde sorriamos. E quais foram? Lembras-te? Consegues sentir-lhes o cheiro? Ouves o cantar dessas aves? Sabes quais as especies? Sentes o calor do sol na pele? Queima-te? Quanto?
E depois, quando o dia acaba e anseias pelo seguinte, onde arrumas as sensações?
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