Friday, December 9, 2022

O amor de mãe é o combustível que capacita um ser humano comum a fazer o impossível. Nada pode derrubar o amor que existe entre um filho e a sua Mãe. É mais do que obvio imaginar porquê....um ser gerado dentro do seu corpo, dois corações a bater em simultâneo, que jamais se separam. Jamais se separam. Um dia, outra alguém terá, não para dar, mas receber, o brilho nos olhos que tinhas ao me ver. Uma luz que brilhou durante anos a fio, infelizmente permitiste, que encurtassem o pavio. Deixaste entrar nas nossas vidas, pessoas sem boas intenções Deviamos ter-nos mantidos fortes, estanques, invenciveis Unidos pelos nossos corações. Juntos somos invenciveis, assim dizia a canção. E somos, sempre seremos, bastava querer Fomos fracos e deixamos entrar em nós um furacão Que devastou, e destruiu o interior do nosso ser. O fruto do nosso amor, jamais irá apodrecer Boas árvores dão bons frutos Basta mante-los astutos Na hora de os colher Tira a máscara e mostra quem és, Não vale a pena esconder, Tens o mundo aos teus pés, Deixa a vida correr...
Pedi e recebereis Pedi e recebi, Amor que achava ser sincero Só mais tarde percebi, Como afinal era severo Quis sempre acreditar, Que existem contos de fadas Que o amor nada pode derrubar Mas afinal, havia espadas Espadas essas que enfrentei Com força e coragem sem desistir Como nunca me baixei Continuaram a insistir Continuo a lutar, Sigo forte no caminho E continua-me a atacar A espada, sem carinho, Como sempre Deuses irados Se erguem perante a ameaça, Serão um dia derrubados Os que matam a esperança
O carinho no teu olhar, o maior que algum dia conheci, Será sempre inesquecivel, não é facil viver sem ti... A dor maior naquele dia, o dia em que te senti partir O calor, o abraço o amor, que jamais voltarei a sentir. Esta dor que nunca passa, chorar, nunca me cansa, Não ouvir a tua voz todos os dias, e as coisas que me dizias.... A saudade, essa eterna saudade, dos dias em que não sofrias. Não há noite em que encontre um alivio, em que a dor seja mais mansa. Nunca mais ninguém na vida Irá amar-me dessa forma Foste heroina, Mãe, amiga E nesta vida, isso jamais torna A dor no peito constante, esta saudade imensa Um querer tudo ao mesmo tempo, dessa forma, assim, intensa. Todos os dias dezassete, são sofrimento para mim O mês não interessa, eu sinto na mesma, assim Nunca mais irá alguem, Amar-me dessa tua forma. Nem aqui, ou além... O amor assim não torna Como sinto a tua falta, MÃE!
Fernando Pessoa I - A criança que fui chora na estrada. A criança que fui chora na estrada. Deixei-a ali quando vim ser quem sou, Mas hoje, vendo que o que sou é nada, Quero ir buscar quem fui onde ficou. Ah, como hei-de encontrá-lo? Quem errou A vinda tem a regressão errada. Já não sei de onde vim nem onde estou. De o não saber, minha alma está parada. Se ao menos atingir neste lugar Um alto monte, de onde possa enfim O que esqueci, olhando-o, relembrar, Na ausência, ao menos, saberei de mim, E, ao ver-me tal qual fui ao longe, achar Em mim um pouco de quando era assim. II Dia a dia mudamos para quem Amanhã não veremos. Hora a hora Nosso diverso e sucessivo alguém Desce uma vasta escadaria agora. E uma multidão que desce, sem Que um saiba de outros. Vejo-os meus e fora. Ah, que horrorosa semelhança têm! São um múltiplo mesmo que se ignora. Olho-os. Nenhum sou eu, a todos sendo. E a multidão engrossa, alheia a ver-me, Sem que eu perceba de onde vai crescendo. Sinto-os a todos dentro em mim mover-me, E, inúmero, prolixo, vou descendo Até passar por todos e perder-me. III Meu Deus! Meu Deus! Quem sou, que desconheço O que sinto que sou? Quem quero ser Mora, distante, onde meu ser esqueço, Parte, remoto, para me não ter.